Lízia Ramos e Amélia Porto
Segundo o Aurélio “interação” quer dizer: ação que se exerce mutuamente entre duas ou
mais coisas ou duas ou mais pessoas. Portanto, interação professor/aluno
implica mutualidade, troca, entre pessoas diferentes. Segundo Souza, 2005:
Como humanos, procuramos nas
relações com os outros, algo que nos falta. O aluno não vai à escola somente
para aprender conteúdos, bem como o professor, que ao fazer opção pelo
magistério, busca algo para além do profissional, também pessoal, da instância
da emoção. [...] Portanto, o processo de aprendizagem pode ser beneficiado,
quando professor e aluno buscam conhecimento mútuo de suas necessidades, têm
consciência de sua forma de se relacionar e percebem as diferenças de cada um
ao se relacionar com o outro. SOUZA, (2005)
“é o
modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de
personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos;
fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez
reflete valores e padrões da sociedade”.
Segundo Piaget, emoção e aprendizagem não andam
separadas, mas alternam-se em uma mutualidade. Portanto, a relação do professor
com o aluno é uma relação onde inúmeras emoções são suscitadas. Para o professor, saber interpretar
comportamentos de alunos assim como sua relação com os pais, a sociedade e eles
mesmos é um instrumento importante no processo de aprendizagem. Segundo Souza
(2005), o aluno, ao chegar na escola, traz de casa o autoconceito, e sua
autoestima, a partir da relação que desenvolveu com os pais. O professor, em
sala, deve repetir essa experiência, a fim de expandir seu autoconceito e
melhorar sua autoestima. Segundo o mesmo autor:
o professor apresenta-se à criança
hierarquicamente mais poderoso, psicologicamente melhor estruturado e com
recurso de linguagem mais amplo. A
criança encontra-se, portanto, em uma posição não inferior, mas numa posição
mais frágil nessa relação, daí não se poder falar de relação de igualdade. São
os diferentes se relacionando num mesmo espaço, onde o professor, melhor
equipado, deve fornecer ao aluno, recursos de linguagem, de expressão de
emoções e de expressões de sua dificuldade de aprendizagem, para que possa
ajudá-lo. SOUZA, (2005)
Dentro desse contexto, a
relação professor e aluno é uma relação de poder, na qual o professor,
hierarquicamente mais poderoso, deve ser aquele que conduz o processo de ensino
e aprendizagem, de forma amigável, estimulando, orientando, incentivando, reforçando
e apontando falhas. A autoridade do professor, portanto, é um fato inerente à
sua função. Entretanto, essa não é uma relação unilateral, pois a construção do
conhecimento acontece mediante o diálogo. Professor e aluno trocam
experiências. Mediado pelo professor, o aluno exerce sua atividade cognitiva
sobre o objeto de estudo: observa, compara, analisa, constrói e testa
hipóteses, classifica, ordena, localiza-se no tempo e espaço, deduz, avalia e
julga.
Um dos aspectos a ser
destacado na interação professor aluno é a disciplina, entendida aqui como um
conjunto de normas comportamentais que podem ser impostas ou serem aceitas
livremente pelo indivíduo, regulando o seu comportamento. Quando imposta, temos
a heterodisciplina, ou seja, disciplina de fora para dentro. Quando aceita
livremente, temos a autodisciplina. Quando construída mediante o diálogo entre
professor e alunos, as regras e princípios elaborados tendem a ser mais
eficazes, uma vez que passa a ser entendida como uma construção do grupo. São
combinados que regem a interação entre os pares e o professor, essenciais à
dinâmica em sala de aula.
Algumas sugestões para o
desenvolvimento da autodisciplina:
·
Analise e discuta as normas propostas
coletivamente, acatando sugestões quando pertinentes, estimulando a
participação de todos nesse processo;
·
Privilegie os procedimentos que promovam o
autoconceito positivo dos alunos;
·
Evite repreensões em público que possam
causar constragimentos, descartando a prática de “rótulos”, usando sanções que
de fato sejam educativas e estejam relacionadas ao objeto da repreensão;
·
Justifique as regras propostas e suas
necessidades como elementos reguladores de ações no processo interativo;
·
Considere e respeite a história pessoal de
cada aluno ao repreendê-lo, explicando-lhe a inadequação de sua conduta.
É muito comum ouvirmos de
professores que, evitam atividades de grupo em sala de aula, ou saídas de sala
para trabalho de campo, por considerá-las, equivocadamente, como causadoras de
indisciplina. Não podemos confundir participação ativa dos alunos no processo
de construção de conhecimento, em que a troca de experiências e o diálogo entre
os pares se fazem necessários, como indisciplina escolar. A participação ativa
dos alunos em sala de aula, e a redução da indisciplina são estimuladas quando:
·
As atividades propostas envolvem desafios que
exijam esquemas cognitivos de natureza operativa;
·
São propostos jogos e trabalhos em grupo que
exigem interação entre os participantes;
·
As atividades propostas exigem a expressão
oral, o falar e o ouvir, formular hipóteses ou externar opiniões e dúvidas;
·
As tarefas são distribuídas e as funções de
cada um são preestabelecidas, exigindo comprometimento e responsabilidade no
cumprimento das mesmas;
·
As ações docentes são expressas com clareza e
sua orientação de conduta junto à turma expresse atitudes seguras expostas e
exigidas de forma compreensiva.
Os motivos que levam uma
criança a aprender, podem ser os mesmos que a conduzem à não aprendizagem. A
busca de prestígio junto ao professor e ao grupo de colegas, ser percebido pelo
professor e pelos pais, sentir-se assistido, exigindo cuidados individuais são
alguns exemplos. Portanto, estar atento às respostas dos alunos durante o
processo de ensino e aprendizagem é outro fator relevante na interação
professor /aluno.
Segundo Souza (2005)
A criança aprende para atender à
expectativa do professor de aprendizado dela, como também não aprenderá para
não atender à essa expectativa, numa tentativa de chamar a atenção ao professor
para diversas dificuldades que não sejam propriamente cognitivas, como a
dificuldade de socialização, dificuldade de adaptação, ou dificuldade de
satisfazer as exigências dos pais. O não aprender pode ser um grito de socorro
que a criança faz ao professor, para que esse a ajude. SOUZA (2005) http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=382
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