Autoras:
Lízia
Ramos, Amélia Porto e Sheila Goulart
Professor, ao utilizar o trabalho em grupo na sala de aula, esteja
ciente de que não está apenas aplicando mais um recurso didático que propicia a
construção do conhecimento; mas um poderoso instrumento formador de hábitos de
estudo e atitudes sociais, como o respeito a diferentes opiniões, a
colaboração, a responsabilidade para cumprir as tarefas propostas, a
organização do tempo e o estabelecimento de regras para uma boa convivência.
As atividades em grupo são usadas nas aulas de ciências para a
realização de experimentos, trabalho de campo, observações, pesquisas, estudos,
dentre outros. Esse tipo de trabalho estimula a participação, desenvolve a
argumentação, facilita a circulação de informações e de sugestões, pois permite
a troca de ideias e opiniões, possibilitando a prática da cooperação para a
consecução de um fim comum. Assim, o trabalho em grupo contribui de maneira
especial para a socialização das pessoas, exigindo atenção diferenciada na
interação professor/aluno e aluno/aluno.
Ao trocar experiências com o grupo, o aluno organiza o pensamento
para exprimir suas ideias de forma que se faça compreendido por todos. Ele
fala, ouve os seus pares, analisa, sintetiza e expõe ideias e opiniões,
questiona, argumenta, justifica, avalia.
Nas primeiras atividades em grupo, é importante que o aluno esteja
atento às suas orientações, pois há muito a aprender em relação a esse tipo de
trabalho. Você pode sugerir os objetivos do trabalho, as instruções para a
organização do grupo, a forma de exigir o cumprimento das tarefas por todos os
componentes, para evitar sobrecarga para alguns e ociosidade de outros, bem
como orientá-lo na seleção da bibliografia adequada, quando se fizer
necessária.
Posteriormente, a atividade pode se tornar mais autônoma, e nesse
caso o aluno terá oportunidade de agir com maior independência na busca de
informações, nas estratégias de ação, no planejamento e no controle do
trabalho, na divisão de tarefas, bem como na seleção e na confecção do material
e registros, reservando ao professor a coordenação dos grupos.
A formação do grupo poderá ser aleatória, por meio de sorteio, por
exemplo, ou os grupos podem ser formados de acordo com os interesses dos
alunos. Quando houver necessidade, você pode interferir nessa formação
procurando equilibrar os grupos, permitindo que os alunos se ajudem na aprendizagem.37
De qualquer maneira, é imprescindível que você supervisione na
composição do grupo de trabalho. É importante que o aluno seja estimulado a
trabalhar com o maior número possível de colegas para que possa conhecer
diferentes pessoas e o modo de ser de cada uma delas, e que, em caso de grupos
que estejam produzindo aquém do esperado, trocas sejam efetuadas sem, contudo, evidenciar
a questão.
O trabalho em grupo pode ser desenvolvido tendo apenas um tema a
ser pesquisado por toda turma; entretanto, é interessante, também, que cada grupo
pesquise um tema diferente e o apresente a todos os colegas. Outro aspecto
importante é a programação dos encontros: dia, hora, local, quando se tratar de
um trabalho mais extenso. O ideal, contudo, é que se dê preferência aos
trabalhos com tempo de realização em sala de aula e/ou na própria escola,
facilitando o deslocamento e o acesso a uma bibliografia mais diversificada: livros,
revistas, jornais e sites
e outras fontes que tratem sobre o tema.
Durante a preparação do trabalho, o grupo deve selecionar as
informações, as ilustrações, assim como confeccionar o material a ser utilizado
na apresentação. Quando se tratar de trabalho de pesquisa com apresentação, deve-se
organizar o material necessário e selecionar o conteúdo, procurando dar ênfase
a informações que complementem e aprofundem o tema em estudo.
Promova espaços para avaliação do grupo e da atuação dos seus
membros usando inclusive a autoavaliação. É importante que essa avaliação seja individual,
pois, desse modo, cada participante pode refletir sobre sua disposição em
ajudar, sobre a colaboração na execução, a responsabilidade para cumprir a
tarefa determinada pelo grupo, o interesse pelo trabalho e o comportamento
adequado, respeitando as opiniões dos colegas. Durante o trabalho, é importante
respeitar o ritmo das crianças, evitando pressões que possam prejudicar-lhes a
qualidade. Entretanto, elas devem ser orientadas para que evitem conversas
paralelas sem, contudo, inibir a participação espontânea.
A apresentação final do trabalho dependerá da natureza dele. Nas
atividades experimentais, por exemplo, o procedimento mais usado é o relatório
do experimento e os resultados alcançados que, posteriormente, devem ser confrontados
com os resultados de outros grupos para se chegar a uma conclusão
da turma. Quando se trata de trabalho de campo, geralmente, além dos relatos e
exposição de materiais que tenham sido coletados para observações, podem ser
utilizados murais e a produção de cartazes e/ou folhetos que divulguem a
experiência vivenciada.
A avaliação e a autoavaliação envolve
a interação professor/aluno e aluno/aluno nos grupos de trabalho
Autores
Marco Silva, Amélia Porto e Lízia Ramos
Entendemos que o aprendizado se dá num
processo de interação entre as pessoas e, por isso, é importante propostas de
trabalhos coletivos e sua avaliação. Ao trabalhar em grupo, os estudantes têm oportunidades
de desenvolver atitudes cooperativas, aprendem a reivindicar a participação dos
colegas e a participar de forma responsável. Nessas atividades, também
aperfeiçoam a capacidade de dialogar ouvindo e respeitando a opinião dos
colegas e argumentando em favor das suas.
Entretanto, em uma atividade de grupo
proposta pelo professor, é importante que se tenha muito cuidado ao se avaliar a
participação de cada componente. Em um processo de avaliação compartilhada, é interessante que os próprios estudantes
também assumam a responsabilidade pelo processo avaliativo.
Desse modo, os estudantes devem
ser orientados a avaliar a si próprios e aos colegas. A autoavaliação é a forma
que cada um tem de interpretar seu próprio desempenho. De acordo com as
intenções pedagógicas do professor, o aluno pode pautar a sua autoavaliação em
relação às suas atitudes, habilidades e ao desenvolvimento intelectual.
O exercício da autoavaliação
por parte do aluno é fundamental no sentido de ajudar o próprio aluno a
perceber seus pontos fortes e suas dificuldades. Na medida em que a turma
desenvolve trabalhos em grupo, é importante que cada estudante saiba qual é a
avaliação do grupo sobre o seu desempenho e aprenda também a avaliar os seus
colegas.
Para facilitar a autoavaliação,
o estudante pode ser orientado a se fazer perguntas como as que seguem.
1. Participei ativamente nos
encontros do grupo para a realização do trabalho?
2. Tratei com respeito meus
colegas, professores e colaboradores durante a realização do trabalho?
3. Respeitei os horários e a
organização para a preparação do trabalho?
4. Qual foi o aprendizado
significativo que tive com esta atividade?
5. O que preciso melhorar?
Para conseguir avaliar o
esforço e a dedicação de cada um dos seus componentes, sugerimos que cada aluno
de um grupo de trabalho considere questões como as listadas a seguir.
1. O colega respeitou os demais
membros do grupo de trabalho?
2. Foi frequente aos encontros?
3. Participou ativamente dos
encontros para organização do trabalho?
4. Respeitou os horários e a
organização dos encontros?
5. Tratou com respeito os
colegas de grupo, professores e colaboradores?
6. Executou as tarefas definidas
pelo grupo com empenho?
As avaliações do grupo são
referências importantes para que o estudante saiba como os demais colegas
perceberam a sua participação. Esse tipo de informação é importante para o seu crescimento
pessoal. Além disso, auxilia o professor a perceber melhor as relações que o
estudante estabelece com os colegas e o compromisso com a sua aprendizagem.
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